Muitas vezes dou comigo a divertir-me e a reparar em algo, que nunca me passou pela cabeça olhar mais que um segundo. Basta, muitas vezes pousar o olhar e divertir-me para que não o consiga desviar.
Um destes «olhares» fez-me ponderar que às vezes há pequenas coisas que podem formar uma imagem de uma pessoa. Até aqui nada de novo.
Um flash…um ténue flash… o suficiente para formarmos uma opinião, que poderá ser errónea….outras vezes nem por isso… sobre alguém.
Gosto de «pastilhas elásticas». Tenho um estranho vício de as «mascar» a seguir ao almoço.
Uma dependência parecida com o que algumas pessoas têm relativamente ao tabaco. Este meu «vicio» apenas se «impõe» quando estou a trabalhar.
Na maioria das vezes «mastigo» a pastilha de uma forma descontraída, no entanto depois deste meu «olhar», comecei seriamente a ponderar esta minha postura.
Voltando ao «olhar».
Um destes dias ia no comboio. Sozinha...
Distraio-me quase sempre a observar as pessoas que me rodeiam, isto quando estou «atenta», o que pressupõe que não estou a dormitar, ou entrei numa espécie de «coma de cansaço».
Neste dia o meu olhar parou numa senhora que folheava um livrinho e ia tomando umas notas.
Era uma pessoa «forte», bastante «forte»…daquelas pessoas com quem definitivamente não gostamos de dividir o assento do comboio, pois implicaria que apenas teríamos direito a 1/3 do nosso banco.
Mas o que me chamou a atenção foi o facto da dita senhora se encontrar a «mastigar» uma pastilha. Bom na realidade não era o «facto» de estar a mastigar era a «forma» como o fazia.
Também não posso chamar ao «facto», um acto de mastigar, julgo que o mais apropriado seria chamar-lhe «trucidar» a pastilha.
A pastilha era furiosamente mastigada, fazendo um som de nhac nhac nhac….cada vez que se ouvia o nhac nhac o senhor em frente a ela olhava-a como se tivesse visto «mosca na sopa».
Para além do nhac, nhac… ouvia-se um estranho ruído da língua a bater no céu-da-boca da dita senhora, ao mesmo tempo que tínhamos uma visão da sua concavidade «bocal». E isto porque a senhora abria a boca toda, (no seu acto de «trucidação») com uma verdadeira satisfação (se bem que quase inconsciente) …
Podíamos ver a «pobre da pastilha» a rolar na língua, depois (isto nos intervalos do nhacc nhaccc e dos estalos da língua contra o céu da boca) colava-a aos dentes de cima, rolava-a outra vez na língua, colava-a aos dentes de baixo… a visibilidade para quem se encontrava a uma distância razoável era bastante boa, por isso acredito que « o-senhor- cara-de-quem-lhe-caiu-uma-mosca-na-sopa» se sentia como se tivesse na primeira fila de um espectáculo.
Comecei a ficar um pouco «tonta» com o malabarismo, aquilo era uma verdadeira montanha russa. Enquanto, observava pensava para os meus botões… uauuuuu uma verdadeira artista TUGA!!!!
Mas todas as cenas tem um momento «apoteótico» e esse momento deu-se quando a senhora fez um enorme balão que rebentou e se colou ao «buço». Pensei com os meus botões «F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O»!!!! Por esta altura já passava o tempo todo a beber golinhos de água da garrafa que tinha na mão para evitar uma gargalhada.
A pastilha era cor-de-rosa (ficava bem no cenário fantástico) e rapidamente a mesma foi retirada da boca (ai fiquei apreensiva e pensei ela não vai fazer o que estou a pensar!!!!) e de uma forma eficiente a senhora colava-a ao seu buço, até ter retirado todos os vestígios do seu balão mal sucedido.
O Senhor em frente a ela já não se encontrava no lugar, não reparei se mudou de lugar (que seria uma hipótese bastante provável!!!) ou se saiu no seu destino.
Eu continuava-me a rir para dentro. E a pensar com os meus botões, que os PORTUGAS são inigualáveis em algumas coisas (se bem que infelizmente nem sempre por coisas boas).
Foi neste momento que a senhora lançou o caderninho e a caneta para dentro da mala, levantou-se, atendeu o telemóvel e disse qualquer coisa parecida com isto «- Oiiii cárrrraaa, como tá você???».
Devo ter suspirado alto, tipo «UFAAAAA…afinal é brasileira!!!! Está safa a imagem PORTUGA!!» depois olhei para algumas pessoas que iam perto de mim e quase…quase…que me pareceu ver a mesma expressão de alivio no seus olhares, ou o mais provável era ter sido impressão minha e nem tinham dado pelo grande MOMENTO.
Não tive tempo de lançar um segundo olhar para confirmação, tinha chegado ao meu destino.
Mas que vou ter mais cuidado a mastigar «pastilhas» …ai isso vou!!!
@a vossa (salvo seja) Princesa deseja-vos um exelente fim-de-semana