Domingo, 31 de Julho de 2005
Toda a minha infância foi pautada por segredos. Lembro-me da minha mãe segredar algo ao meu pai, da minha avó segredar á minha mãe, do meu avô segredar á minha avó. SEGREDOS!!! SEGREDOS!!! Segredos....
Até os nossos passos em casa eram «segredados».
Quando cresci e me tornei «gente», (foi assim que na sabedoria da minha avó me tornei alguém com quem se poderia também segredar, se bem que nunca entendi em que altura ela assumiu que eu já era GENTE) jurei a mim mesma que os segredos seriam «enterrados» bem fundo, calcados e afastados.
Muitos anos depois conclui que os meus esforços de um funeral digno aos «segredos da minha infância» tinham sido infrutíferos. Quantas vezes não parava de teclar um relatório no escritório e abstraindo-me de tudo e de todos, voltava novamente a passear em «segredo» pela minha casa, a ouvir os sussurros, a ver os olhares cúmplices da minha família.
Os meus pensamentos nessas alturas eram velozes, interrogava-me constantemente sobre o conteúdo de tudo aquilo, e a razão porque os «segredos» nunca foram compartilhados comigo???. Tentava afastar aqueles pensamentos
mas voltavam sempre.
Essa tinha sido a minha opção, desde que fui formalmente reconhecida como «Gente», não querer saber, esquecer-me daquelas patetices que faziam parte do meu passado. Por isso, ficava furiosa, pelos «flashes» que me assombravam.
Naquele Verão, naquelas férias, resolvi voltar á minha casa e aos meus «fantasmas». Já não via a minha avó há algum tempo e enchi-me de coragem para ter uma conversa em «segredo» com ela.
Tinha que desfiar aquele novelo...ou segredo
fosse o que fosse.
Naquela tarde depois de termos bebido uma limonada fresquinha no alpendre, sentei-me aos seus pés e mais com o olhar do que com palavras, pedi-lhe para me revelar os «segredos», os «murmúrios», a cumplicidade da «partilha» das palavras na nossa família.
Ela sorriu com o olhar,- essa é uma característica da nossa família sorrir com o olhar - e pediu-me para lhe ir buscar uma caixinha de madeira, que estava colocada sobre a cómoda antiga. Entreguei-lhe a caixinha, que me hipnotizava desde criança, ela abriu-a no colo, e de lá saltaram, flores secas, fotos antigas da nossa família, os meus dentes que deixei para a fada do dentinho, a foto da minha primeira bicicleta, as minhas festas de anos, os olhares sorridentes da minha família.... Olhei para a minha avó - que continuava a sorrir com o olhar - sem entender muito bem o conteúdo daquela caixinha e a sua relação com os «segredos ».
E ela muito baixinho, de uma forma que as palavras se misturaram com a brisa, com o cheiro da terra, das recordações, dos murmúrios do passado, e do presente, sussurrou, enquanto me lançava um sorriso o
. segredo:
- Amor incondicional, partilha, cumplicidade e amizade
É esse o segredo.
Fixei o seu olhar, perdi-me no sorriso da minha avó e ela percebeu que continuava sem entender e continuou:
- Quando eras pequena, asseguramo-nos que estarias rodeada por tudo isso e os nossos «segredos» eram a forma de te proteger, surpreender e amar. Esta caixinha é a prova viva disso...
Pela primeira vez senti que também eu, sorria com o olhar. E segredei palavras ao vento... ali na minha casa, onde eu era e fui «Gente»....
@ Este pequeno conto foi publicado no blog amigo «Versus», hoje apeteceu-me colocá-lo :)
Sexta-feira, 29 de Julho de 2005
Eu gosto muito dos homens. São seres excepcionais:
amigos,
maridos,
namorados,
amantes,
pais dos nossos filhos,
avos,
os nossos companheiros,
os nossos irmãos,
os nossos pais
.
Enfim, para o bem e para o mal fazem parte da nossa vida.
Mas há dias
Hoje é um deles!!!! Que os considero uns CHATOS e uns INSENSIVEIS.
As nossas diferenças de opinião e irritações, são sempre explicadas com uma palavra:
- Deves estar com o período (vulgo menstruação)!!!
E depois se tiver com o período???!!!! Deus fez a Eva com o período, a virgem Maria tinha o período (esta não tenho bem a certeza, uma vez que Jesus foi concebido na graça do espírito santo), as mães deles tem o período, as avós tem o período!!!!!
Ou seja as Princesas têm todo o direito de ter o período!!!!!
Por isso se hoje mais algum se atrever a dizer que eu estou com o período, temos o caldo entornado!!!
Se estou com o período????!!!!
É CLARO QUE SIM!!!!!! (medindo a minha pulsação, depois de ter compartilhado com os cibernautas o meu ciclo de ovulação);)
Um excelente fim-de-semana para todos
Terça-feira, 26 de Julho de 2005
Estava danada com ele, desde o início da semana. Será que ele julgava que ela era um «adereço»???!!!! Assim, uma coisinha que se colocava em casa e ficava ali????
NÃO!!!! Definitivamente, NÃO era!!! E tinha deixado bem claro o quanto isso lhe desagradava.
Ainda, se lembrava quando namorava e ia para casa da tia em Évora, e de passarem pelos pares de «namorados», que se acariciavam, ou beijavam (mais ou menos intensamente), a tia olhar e comentar baixo (mas suficientemente alto para os «pombinhos» ouvirem), «Casem-se, casem-se que isso passa!!!». Nunca, comentou nada com a tia (ela não era para brincadeiras), o quanto aquela frase a «irritava», e quanto a achava despropositada. Não, não ia passar!!!,Era o que ela murmurava para os seu botões.
É verdade que passou, pelo menos algumas coisas. Mas ela tinha a culpa. Foi deixando passar
.
Ahhhh, mas agora tudo ia voltar a entrar nos eixos. Ahhhhh se ia!!! No início da semana tinha-lhe feito um ultimato: - «Olha, ou começas a reparar em mim, ou temos o caldo entornado». Bom, teve que enfatizar a sua decisão e o seu desagrado com um «amuo», que já durava há 3 dias, e obvio com uma pequena, abstinência sexual. Agora, quando chegava a casa já lhe denotava, uma expressão na cara de preocupação, pelo franzir das sobrancelhas, pelos olhares que lhe lançava, quando achava que ela não estava a reparar.
Tinha-lhe dito, que ele não reparava em nada, no corte de cabelo novo, na maquilhagem nova, no vestido novo, nos sapatos
enfim. Também tinha que confessar, que por um lado isso era bom, pelo menos não era como os maridos das suas amigas, que passavam o tempo a reclamar, das «coisinhas» que elas compravam.
Hoje, ia fazer o teste. Tinha sido, o chamado dia «SPA». Um dia inteiro só para ela. Cabeleireiro, limpeza de pele, maquilhagem, depilação, fez os pés, as mãos
.comprou umas calças lindíssimas (e caríssimas
), uma blusa nova (decotada qb) resplandecente. Enfim, o resultado final, era apresentável. Não!!! Era fantástico o resultado final!!!! Seria, impossível, não reparar!!! Bem, e ela queria acabar com aquele amuo, e ali estava a oportunidade dele.
Resolveu, que o iria esperar ao emprego e depois iriam os dois juntos para casa. Fez um telefonema rápido a avisar (notou pela voz dele, o contentamento por finalmente ela estar a ceder no amuo) e saiu de casa.
Viu-o, sair da porta do escritório e dirigiu-se a ele (ajeitou o decote da blusa, alargando-o um pouco, provocatoriamente), fez um sorriso e quando se aproximou dele deu-lhe um beijo.
Caminharam, lado a lado, falando de trivialidades. Ela estava a ficar enervada «mas quando é que ele fazia um comentário do seu look novo???!!). Não, aguentou mais e disse-lhe:
- Não notas nada de diferente???!!!!
Viu-o a percorrê-la de alto a baixo, e a franzir as sobrancelhas (um sinal de concentração), o que de facto, a irritou ainda mais. Resolveu, pressionar:
- Então???? Não, vês nada de diferente???
E foi quando ele (pressionado pelo seu olhar fulminante, pela lembrança do amuo, pelos 3 dias de abstinência sexual) retorquiu, com o seu melhor sorriso:
- Claro querida que noto, ora essa!!! Essas botas que tens, são novas não é??? São, lindas e olha que tu sabes que eu nem sou de ligar muito a essas coisas.
Ficou siderada, pasmada
e respondeu-lhe com o seu melhor sorriso:
- Claro,querido que são lindas. Foste tu que mas deste nos meus anos, o mês passado!!!!
Bom, é escusado dizer que o amuo durou mais uns tempos
E agora, as coisas eram colocadas de outra forma, tipo-: «Querido, não achas que esta blusa é um máximo» e ele responde «-Fabulosa!!!».
Há certas coisas, contra as quais não adianta «lutar». De qualquer das formas tinha perdido uma «pequena» batalha não a guerra!!!! ;)
Segunda-feira, 25 de Julho de 2005
se a minha alma fosse o vento
.
questionar-me-ia constantemente
que almas aconchegaria no seu voo?
que sementes colheria no seu caminho?
que sonhos albergaria no seu desígnio?
se a minha alma fosse o vento
sopraria como uma brisa nos dias de verão
ou como um furacão nos dias de tensão
ou talvez não soprasse por omissão
se a minha alma quisesse voar
voaria até ai
cairia no teu colo mansamente
e assim ficaria eternamente
@ pois é hoje deu-me para aqui...as princesas tem destas coisas :)
Sexta-feira, 22 de Julho de 2005
Pensei, muito antes de escrever isto. Depois pensei, mas se tenho que pensar no que escrevo aqui, para que raio quero um BLOG!??????!!!!!
Aviso que este «post», tem bolinha vermelha. Crianças, jovens sensíveis, pessoas idosas que sofram do coração
. STOP AQUI!!! NEM MAIS UMA LETRA!!!!!!
Isto que vão ler é um desabafo
. Tem tudo a ver com as «jóias da coroa».
Não, as minhas «jóias da coroa». Com as «jóias da coroa» alheias.
Passo a explicar, tenho um gabinete modernaço, daqueles tipo aquário, a parte da frente é toda envidraçada. Um «MUST»!!!! O problema é que o mesmo se encontra, voltado para umas das «casa-de-banho» do escritório. Todos os dias o ritual se repete. Os meninos e senhores, quando saiem da casa-de-banho, tem o estranho hábito de se imobilizarem (virados para o meu gabinete) e é vê-los a ajeitar as «jóias da coroa» e a confirmarem se o fecho da «berguilha» se encontra fechado.
Há quem dê um toquezinho, há quem face uma estranha ginástica de dobrar ligeiramente as pernas e depois endireitar-se, há quem se balouce
tenho sempre a sensação de me encontrar a assistir a uma estranha «aula de aérobica»!!!!!!
Descobri depois de um profundo «estudo» (de anos não-voluntário) que isto de ajeitar as «jóias da coroa» tem que se lhe diga:
os tímidos ajeitam mas coram ligeiramente e confirmam se ninguém está a olhar;
os descontraídos enquanto falam vão dando os «jeitos» e «contra-jeitos», enfatizando a conversa com «jeitos» convictos;
os preciosistas ajeitam e confirmam com a tal «ginástica das pernas»;
os menos convictos dão pequenos toques (sabem que não parece bem) quando acham que ninguém está a ver;
Depois existem os descarados, esses recuso-me, a descrever!!!
A questão é que se os homens em geral acham que ninguém os está a ver, encontram-se redondamente enganados
. SIM TODA A GENTE VÊ!!!!! (para que conste da acta).
Espero sinceramente com este «post» (que me vai dar cabo da imagem de Princesa), estar a prestar um serviço público. E que as mulheres se unam e digam «NÃO, AO AJEITAR AS «JÓIAS DA COROA», EM PÚBLICO».
Ps desculpem o desabafo prometo no próximo «post», falar de algo sério e doce como compete a uma princesa
A todos os que me visitam um excelente FIM-DE-SEMANA
Quinta-feira, 21 de Julho de 2005
Tenho visitado um «blog», (que está linkado) «crónicas de um motorista de táxi», que confesso me diverte imenso.
Eu estou do outro «lado». Ou seja sou uma assídua utilizadora dos serviços de táxis, há aproximadamente 15 anos, essencialmente por motivos profissionais, deslocações a Empresas que são minhas clientes.
Há uns bons anos atrás, tive que ir a uma fábrica de produtos farmacêuticos, numa zona industrial. Como todas as «zonas industriais», e especialmente aquelas que tem fábricas com produção e turnos, o movimento dos táxis é também por turnos e muito difícil, arranjar algum. Nesse dia para mal dos meus pecados, chovia torrencialmente, o que só piorava a situação.
Esmorecida com o panorama, pedi gentilmente à senhora da recepção que me chamasse um, e sentei-me num dos sofás que fazia parte da decoração da recepção, tentando encontrar algo que me distraísse no mínimo na próxima hora e meia.
Nem 5 minutos tinham passados quando a recepcionista se voltou para mim e me disse «-Doutora o seu táxi está a chegar é o nº xyx ». Não queria acreditar na minha sorte, estava felicíssima, depois de andar um dia inteiro a ver produtos químicos numa fábrica, era o melhor que me podia acontecer. A antecipação de um banho quente, em menos 3 horas do que estava á espera!!!
Assim dirigi-me á porta e vi um táxi parado (um dos verdinhos antigos). Aproximei-me, e reparei que o taxista também me tinha visto, pois saiu do carro e teve a gentileza de me abrir a porta. Quando estava mais próxima percebi que o táxi «maravilha» era bem velhinho e o meu «taxista» cavalheiro, tinha assim que um aspecto caricato. Cabelos escuros compridos cheio de pontas, risco ao meio, lustroso (no sentido pejorativo). Tenho uma mania de olhar para as mãos dos homens, e quando o fiz o meu pior pesadelo estava lá, a «unhaca grande» do dedo mindinho, que segundo consta é melhor que qualquer canivete «suisso». Pensei «-meu deus , devo ter ficado com o taxista que ninguém quer.».
De qualquer das formas, mesmo intimidada com o panorama geral, tentei não demonstrar, e dirigi-me para a porta que estava aberta. O chão era de «paralelepípedos grandes» e eu ia distraída, a pensar no taxista que me tinha calhado na «sina». Devo ter «trocado» os pés e a biqueira do meu sapato encalhou no meio das pedras. Vi-me assim a entrar em voo dentro do táxi. A sorte é que ia de sapatos baixos e calças de ganga, caso contrário, teria sido a «morte do artista», bom pelo menos para mim. O taxista nos primeiros minutos ficou a olhar para mim espantado, depois quando me viu a levantar-me e a ajeitar-me no banco, fechou a porta enquanto me dizia: «-Já vi que a senhora está com pressa».
Eu ia para Lisboa para a Rua António José de Almeida, e assim o informei. Quando a «lata» começou a andar (leia-se «lata» em substituição de táxi), confesso que me assustei, o barulho era tanto que mal conseguia ouvir o que o taxista me perguntava. Ao fim de uns bons minutos habituei-me e comecei a prestar atenção á conversa :
- Então a senhora é daqueles da publicidade???
-Publicidade??? (enquanto dava um sorriso amarelo)
- Da publicidade dos medicamentos??
- AHHH os delegados de propaganda médica,.não, não sou
- Sabe a aqui a minha «latinha», foi para arranjar mas acho que continua com problemas. Olhe, aí não há cintos, segure-se bem!!!
Confesso que já ia preocupada, porque a conversa era toda feita com uma mão no volante e o pescoço todo torcido para trás. A partir desta altura, comecei a falar por monossílabos «sim» e «não». Mas nem isso, dava como terminada a conversa. Percebi que o monólogo era uma arte daquele senhor.
- Sabe que isto, ainda anda, quer ver????
Antes que eu pudesse dizer não (tenho pavor de velocidades), já tínhamos-nos lançado numa corrida, enquanto ele se voltava para trás e perguntava:
- Ahhhh não tá com medo pois não??? ( e o pescoço torcido para trás á espera da confirmação).
Eu abanava a cabeça. A partir desse momento pensei, porreiro de todos os taxistas da zona calhou-me o «acelera». Confesso que (murmurei uma ave-maria baixinho).
Mas a melhor revelação estava para vir. Passámos perto da Casa Pia e ai ele, torceu novamente o pescoço e disse-me:
- Sabe uma coisa eu andei aqui. Olhe esta zona é muito perigosa!!! È só pessoal da navalhada, mas a senhora comigo tá segura . São todos meus amigos.
Aqui comecei a rezar um «pai nosso», e pensei, fiquei com o taxista «psicopata», deixei de parte os monossílabos e emudeci. E comecei a transpirar, estava mesmo assustada!!!
Finalmente chegámos ao destino, tirei o dinheiro para pagar, disse boa tarde, e sai o mais rapidamente que consegui. Mas ainda tive tempo de ouvir:
«- Muito obrigado minha senhora, olhe esqueceu-se de me dizer qual era a sua graça???. »
Hoje, vinha a pensar em escrever um «post» logo de manhã. Entrei no meu blog e vi comentários de pessoas novas (desde já agradeço a sua simpatia e a visita), mas o mais estranho era que me estavam a dar os parabéns e falavam em «destaques».
Pensei para os meus botões «-Princesa Maria que raio estará a acontecer??!!! Anos não fazes!!! O dia de ontem foi sem novidades!!!!».
Pensei nos destaques do sapo. Resolvi ir lá espreitar
etttt voiláaaa
.estava ali o destaque.
Bom, poderia ser muito modesta, mas um amigo já me disse que «modéstia em demasia é sinal de vaidade». Por isso só posso dizer que estou muitoooo : CONTENTEEEEEEEE!!!!!
Alguns dos meus amigos bloguistas (invejosos) já afirmaram que devo ter uma cunha no SAPO. Acreditem não tenho!!! Caso contrário para além de estar no destaque já estaria no top + (se bem que não sei se o meu blog se enquadraria bem ao lado dos «blogs» de meninas despidas e dos morangos com açúcar).
De qualquer das formas gostaria de agradecer o «destaque»:
- á minha mãe e ao meu pai que tiveram uma noite escaldante de amor há alguns anos atrás, da qual brotou esta princesa,
- aos meus avós que tiveram noites escaldantes dos quais brotaram os pais (reis) da princesa;
- aos meus tios
- aos meus primos
- aos meus vizinhos
- á minha empregada de limpeza (sim porque graças a ela tenho também algum tempo para blogar)
- aos meus amigos e inimigos
- aos cromos (que me inspiram)
.
Enfim a Portugal inteiro (limpando uma lágrima ao cantinho do olho que teimosamente está a soltar-se) sniffff snifffff.
:)
Não sei se entenderam, mas estou a agradecer o destaque (ao SAPO).
E já agora um beijo aos outros bloguistas e amigos que me visitam (este é especial para os que viram nascer a princesa) :)
@ caros bloguistas um reparo, na ausência de uma foto actual da princesa que demonstre a sua emoção, tive que recorrer a esta. Mas aviso já que esta princesa é MORENA!!!!
Segunda-feira, 18 de Julho de 2005
O homem de pele curtida pelo sol, aproximou-se com um olhar triste na face. Trazia um monte de revistas debaixo do braço e uma delas na mão que estava esticada na minha direcção. A sua «ladainha» começou, não ouvi uma palavra, continuei a sorver o meu café da manhã, ao mesmo tempo que fiz um sinal com a mão de que não queria nada e um sinal de enfado com a cabeça por alguém se atrever a interromper o meu cafezinho matinal.
Ele insistia. Ainda sem o ouvir disse «-olhe não quero nada, muito obrigado!!!». Olhei para o outro lado aborrecida, a pensar o quanto desagradável era ser incomodada por «pedintes» enquanto comia ou tomava um café. Ele deu a volta e colocou-se à minha frente. Uma sombra de irritação surgiu e toldou-me a visão, não percebia a insistência, tentei controlar os sentimentos. E pela primeira vez ouvi o que ele me estava a dizer «- Senhora por favor tenho oito filhos, compre-me um bolo para aquela pequenina», e enquanto isso, apontava o dedo para uma menina de olhar brilhante (que tentava imitar o olhar triste do pai) de aproximadamente 6 anos.
Não consigo ignorar ninguém que me peça comida. E agora já os estava a VER. Sorri e disse «-muito bem que bolo quer para a sua menina?». Ele apontou para a vitrina e pediu-me também um leite.
Fiz os pedidos. O homem aproximou-se com a menina e disse-lhe algo baixo e a menina esticou a sua mão com um pequeno leque azul, na minha direcção. Recusei e disse que não, que não queria comprar nada. A menina que comesse o bolo e tomasse o seu leite.
Mas a menina insistia com o braço estendido e o homem disse: «- aceita senhora é uma oferta», enquanto me lançava um sorriso. Confesso que aquele gesto me apanhou de surpresa. Fiquei incomodada, como poderia aceitar uma oferta deles???!!! Não, não poderia aceitar
E durante momentos embrenhamo-nos numa pequena discussão, em que eu agradeci o gesto, mas expliquei que não poderia aceitar, e o homem continuava a insistir «-Senhora, é uma oferta. Aceite senhora». Por incrível que pareça tive a nítida sensação que ofenderia o homem se recusasse. Assim, mais uma vez sorri e aceitei.
Apercebi-me de um «zum-zum», que estava a tomar adeptos. E de repente ouvi o senhor do café a «enxotar» o homem e a menina. A dizer que não os queria ali, que estavam-me a incomodar... . Enquanto umas senhoras de idade, acompanhavam em coro a atitude do senhor do café e me dirigiam um olhar de solidariedade, enquanto fulminavam o homem e a menina. Nesta altura o homem, tinha colocado um braço á roda da menina, numa atitude de nítida protecção. Eu tentava, explicar a situação. Mas ali estava tudo surdo!!!
Já estava verdadeiramente irritada
leventei a voz e expliquei que o senhor e a menina não saíam. Mandei a menina sentar-se e pedi á empregada para os servir.
As pessoas entreolharam-se (nomeadamente as senhoras de idade), o senhor do café com um esgar de contrariado, fez um sinal de sobrancelhas á empregada, para servir o homem e a menina.
Foi quando comecei a ouvir as senhoras, enquanto o homem do café acenava com a cabeça em concordância « - eu também nunca nego comida a ninguém. Olhe ainda ontem dei um prato de sopa a um desgraçado que me bateu á porta e blá blá
» fizeram ali o seu «acto de contrição».
Não resisti, voltei-me para as senhoras e disse: «
as senhoras sabem qual é de facto o problema???» elas abanaram a cabeça e eu continuei «- Surdez e cegueira». Elas abriram os olhos revelando um brilho de indignação, sem perceberem onde eu queria chegar. Eu continuei, «-somos cegos porque não queremos ver e surdos porque não queremos ouvir». Aquele senhor não estava a pedir, estava a vender e a discussão que assistiram foi porque estava a resistir em aceitar uma oferta deles. Sabem porquê??? Porque eu própria estava com dificuldades em assumir a minha cegueira e surdez.
As senhoras saíram sussurando baixo qualquer coisa que não entendi, julgo que coisas como «mal agradecida» e «prepotente», enquanto o senhor do café esboçou um sorriso amarelo na minha direcção, ao mesmo tempo que abanava a cabeça.
E eu??? Eu sou como todas as outras pessoas, «Cega e Surda», o que aconteceu ali foi um pequeno milagre, por momentos vi um pouquinho mais além
Quando sai do café, tudo voltou á normalidade.
Quinta-feira, 14 de Julho de 2005
Era uma vez
numa terra muito distante...uma princesa linda,independente e cheia de auto-estima que se deparou com uma rã, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas.
Então a rã pulou para seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar connosco, tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre.
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à «sautée», acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma: «NEM MORTA!!!»
@ este texto chegou-me por mail, nºao resisti a publicá-lo. Acordem SAPOS !!!! (merci PJ)
Amanhecem em ti
gaivotas no olhar,
plenas de liberdade
voando em dias serenos,
Amanhecem em ti
marés azuis
e corais floridos
Amanhecem em ti
aguas profundas
águas serenas
Amanhecem em ti
raios de Sol
nas madrugadas vermelhas
Entardecem em mim,
Momentos fulgurantes
em voos constantes,
de ave roçando o azul
do imenso infinito,
onde a eterna melodia toca
até ao nascer do dia.
E, da janela da vida
o sol quente,
suavemente...
vai descendo
num mar calmo de ilusões
E eu vou entardecendo
@mais um poema do meu amigo ML (gosto particularmente deste) :)