Segunda-feira, 3 de Abril de 2006

O inicio (work sweet work...)

Na sexta-feira passada estava a repreender um colega mais novo de uma forma construtiva. Explicando-lhe o que tinha corrido mal no trabalho, a razão porque me tinha aborrecido, onde devia de melhorar…and so on. prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

Quando isso acontece e especialmente com pessoas mais novas (acabadinhas de sair da faculdade), acabo por me rever na preocupação e aflição, que lhes vislumbro na cara.

Não é fácil a entrada no mundo profissional.

Os meus primeiros anos a trabalhar foram duros, comecei a trabalhar com 21 anos tinha acabado um bacharelato e depois de já estar a trabalhar aventurei-me por uma licenciatura e especializações na minha área. Senti na pele o que é ser trabalhadora/estudante.

 

Lembro-me que quando assinei contracto, uma das coisas que foi dita por um dos sócios com um ar muito sério foi:

 

- Bem vindos à XYZ, não se esqueçam aqui todos temos hora de entrada. Mas hora de saída só Deus o saberá…

 

O meu grupo estava entusiasmado e só faltou gritarmos em uníssono Aleluia!!! Aleluia!!! (nem sabíamos o que raio aquilo de facto queria dizer!!! Santa ingenuidade…).

 

Outras das regras era termos que vestir bem ( de uma forma clássica), teríamos que vender uma boa imagem aos clientes, não nos podíamos esquecer que o nosso trabalho era nas instalações do cliente,  blá blá…

 

Tem piada relembrar-me disso, porque no outro dia tive que pedir a uma colega mais nova que evitasse as calças muito descaídas que deixavam ver as «cuequinhas fio dental», quando por alguma razão tinha que ir procurar algum documento ao arquivo. Houve uma razão para o fazer e estritamente profissional. Uma vez que aqueles movimentos, para além do Zum-Zum masculinos que provocava no «open space» face à visão da «cuequinha fio dental», ainda gerava discussões entre as mulheres de várias gerações que se encontravam lá, sobre se «aquilo» era ou não aceitável… Resultado ficávamos todos parados até que a «coisa» se acalmasse, gerando ineficiências no nosso trabalho.

 

Bom, mas como estava a dizer ouvi tudo atentamente e quando recebi o meu primeiro ordenado, gastei-o até ao último tostão, entre mandar fazer fatos clássicos, comprar blusas, saias, camiseiros… Ahhhh e está claro S_A_P_A_T_O_S, … sapatos lindos e de salto altíssimos e finos.

 

Sentia-me orgulhosa por ser (até que enfim!) uma «profissional» e lembro-me que o primeiro «Doutora» que me dirigiram «inchei» como um balão.

 

Foi precisamente logo no meu início da carreira profissional que tive que me deslocar a um cliente na Madeira.

Lembro-me perfeitamente desse dia. Tinha vestido um camiseiro de seda lindo (estampado) em tons de castanhos, um casaco castanho «cintado» e uma saia «travada». Calcei uns sapatos novos castanhos, com uns saltos especialmente altos. Sentia-me bonita e muito «Profissional».

Treinei umas caras ao espelho e os cumprimentos (tenho uma estranha mania de falar com a minha imagem no espelho…). Estava perfeita!!!

Correu tudo muito bem. A entrada nas instalações da empresa fazia-se por um Hall, onde eram atendidos os fornecedores e os clientes pela senhora telefonista/recepcionista e encontrando-se as casas-de-banho também nessa zona.

Já toda a Empresa sabia quem éramos e por não estarem muito habituados à nossa presença, tratavam-nos de uma forma muito respeitosa e cautelosa.

E eu na minha fatiota nova, em cima dos meus sapatos lindos e altíssimos (aos quais ainda me estava a tentar adaptar) sentia-me uma pessoa importante!!!

Como até as Princesas necessitam de fazer o seu «xi-xizinho», dirigi-me à senhora da recepção e perguntei-lhe onde era o W.C, a senhora simpaticamente lá deu as indicações.

E assim dirigi-me para o Hall, vi logo as casas-de-banho, lembro-me que empurrei a porta e depois…depois o chão faltou-me, o meu já desequilíbrio nos saltos não ajudaram nada. Estatelei-me ao comprido. Geralmente quando caio, caio mesmo…de tal forma que fico sempre zonza e quieta por uns momentos. Bons, os meus momentos de recuperação foram perturbados por uma voz que gritava alto e a bom som:

 

- Ajudemmm…ajudemmm… a Doutoura caiuuuuu….(a senhora da recepção tinha me visto a desaparecer muito rapidamente da sua visão!!!!)

 

Ou seja tinha as pessoas do cliente a olharem para mim, tinha os meus colegas a olharem para mim e graças a Deus que não tinha chegado nenhum cliente ou fornecedor. Se não tinha morrido mesmo de vergonha!!!!

Mas as coisas comigo nunca são fáceis. Quando me tentei levantar reparei que as minhas mãos e joelhos escorregavam ao mesmo tempo…

Concluindo, a senhora da limpeza lavara o chão com sabão (aliás como o fazia todos os dias), mas precisamente naquele dia tinha-se esquecido de retirar o sabão!!!!

Os passos seguintes passaram por várias tentativas de ajuda, mas goradas porque aquele sabão era «lixado» e aquilo parecia um ringue de patinagem.

Após ponderar todas as hipóteses (e de amaldiçoar os meus sapatos de salto altíssimo!) resolvi que a opção era mesmo sair de GATAS. Pareceu-me a mais digna, após ponderar todas as hipóteses, não me apetecia que todas aquelas pessoas me vissem a bater outro «bate-cú».

 

Assim fiquei com uma enorme nódoa negra no RABO, andei um dia inteiro com dois buracos enormes nas meias na zona do joelhos (o que não era nada nobre!!!) e sempre que entrava no «open-space», a tentar-me equilibrar nos meu sapatos lindos e altíssimo, com uma postura profissional (clássica, sóbria e a incutir respeito) antes de ouvir a pergunta «- Então Doutora já está bem??», ouvia um sussurro de risadas…

 

Confesso que a maior «nódoa negra» sofreu o meu Ego. Com o tempo apreendi a «desinchar». Apreendi que Doutores há muitos e que essa palavra por si só não é tudo. Apreendi que quando saímos da «escolinha» sabemos tão pouco e somos tão pequeninos…

 

Pois era isso mesmo, que estava na sexta-feira passada a tentar explicar ao meu colega mais novo. Confesso que não sei se fui bem sucedida. Mas como também acredito que a bater com a cabeça na parede é que se fazem «homenzinhos e mulherzinhas»... que se façam à VIDA!!!

 

@ Desejo a todos uma boa semana a vossa (salvo seja) Princesa

 

 

 

 

sinto-me:
Decreto-Lei decretado por PrincesaVirtual às 00:27

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De kuka a 3 de Abril de 2006 às 09:43
A da foto é a princesa,antes de ter escorregado no sabão.Pelo menos não estou a ver buracos nas meias.E eu a pensar que vida de princesa era fácil!
De PrincesaVirtual a 3 de Abril de 2006 às 10:56
Não ...não é mas podia ;) não é facil não senhora Chefe KUKA, princesa sofre!!! beijos (recatados) PStenho que ir ver que andas tu a cozinhar
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